Então, se um dia você sonhou em se
atualizar de forma a conhecer suficientemente bem todas as ferramentas
da Web 2.0, para somente então poder escolher quais usar, esqueça! Isso
já não lhe pertence!
Mas então, qual é a solução? Como podemos
nos preparar para o uso das TICs e recuperar o tempo perdido? Como
podemos usar as TICs com nossos alunos? E, porque deveríamos usá-las?
Eu não pretendo lhe enrolar dizendo que a
solução é muito particular, que cada um deve procurar o seu caminho,
etc. etc. Aqui vai a resposta: é preciso mudar os paradigmas!
Já foi o tempo em que você precisava
aprender tudo antes para, somente depois, poder ensinar um pouco do que
sabia aos seus alunos, ou seja, para “passar” o seu conhecimento para
eles. Os novos paradigmas de que você precisa são bastante diferentes
daqueles que você tinha quando aprendeu com seus velhos professores. A
seguir vão 10 “novos” (talvez nem tanto) paradigmas de que você
precisará para os dias atuais:
1. Aprender enquanto utiliza, e utilizar enquanto aprende!
Você não precisa de um
curso para aprender a usar o Twitter, o YouTube, o Google Docs ou as
demais ferramentas para, somente depois, poder utilizá-las. Você só
precisa começar a usá-las e, então, precisa entender que é utilizando-as
que você aprenderá a utilizá-las cada melhor.
2. Aprender errando e corrigindo!
As ferramentas da Web
2.0 e as TICs em geral “admitem o erro como parte da aprendizagem”, por
isso não se preocupe em fazer tudo certo já da primeira vez (ou da
segunda, ou da terceira). Se você errar, não tem problema, não tem
punição, você aprendeu! Se não der certo na primeira vez, tente de novo.
3. Explorar novas maneiras de aprender!
A aprendizagem das
novas tecnologias e suas ferramentas não é linear. Não há mais “um passo
antes do outro”. Assim como você pode navegar na internet por links
(hipertexto!), você também pode aprender em pequenas doses, em passos
não seqüenciais, explorando o que lhe parecer melhor naquele momento e
criando seu próprio percurso de aprendizagem. Entenda isso como uma hiperaprendizagem.
4. Integrar-se às redes sociais e aprender colaborativamente!
Há livros, manuais,
tutoriais e mesmo cursos para se aprender qualquer coisa que você
quiser, e todos eles estão disponíveis na internet, mas a forma mais
eficiente de aprender algo que você ainda não sabe, e nem sabe onde
encontrar a resposta, consiste simplesmente em “perguntar para outras
pessoas”! Quer dar seus primeiros passos no Twitter e não sabe por onde
começar? Comece perguntando para alguém que já sabe! O conhecimento não
está mais apenas nos livros, ele também está nas pessoas!
5. Explorar possibilidades e ser criativo!
Você pode ler muitos
livros sobre o uso de certa ferramenta ou TIC, pode assistir a
palestras, participar de simpósios, congressos, redes sociais, etc., e
trocar idéias com pessoas que já utilizam essa ferramenta ou tecnologia.
Tudo isso irá lhe ajudar bastante a aprender sobre o uso das TICs, mas
você poderá obter resultados ainda melhores se o tempo todo perguntar
para si mesmo coisas como: “o que eu posso fazer com isso? Como eu posso
usar o Twitter para mim mesmo? E com os meus alunos?”. Só você conhece
melhor que todos os outros a sua realidade, as suas necessidades e os
seus próprios desejos.
6. Ser autônomo, não esperar passivamente por ajuda e nem desistir sem antes tentar!
Há pessoas que desistem
de algo sem nem mesmo tentar antes. Ficam eternamente à espera de
alguém que lhes mostre todos os caminhos, que lhes dê todas as respostas
(corretas!). Não seja uma delas. Respostas perfeitas e pessoas que as
saibam dar já não existem mais. Se tiver uma idéia que “gostaria que
desse certo”, tente implementá-la. Se algumas tentativas falharem, não
desista, isso não se chama “fracasso”, chama-se “aprendizagem”!
7. Aprender a ter prazer na aprendizagem!
Assim como os alunos
não aprendem facilmente aquilo que eles desgostam, os professores também
reagem da mesma forma. Só aprendemos coisas que queremos aprender,
coisas que nos dão alguma satisfação, algum prazer, quando a aprendemos.
Por isso, se você não aprender a ter prazer em dar uma aula melhor
usando um novo recurso, nunca vai aprender a usar o recurso, e nem vai
melhorar sua aula. E o que é pior: se você não aprende com prazer, então
também não ensina com prazer e, por isso mesmo, não desperta o prazer
no seu aprendiz. Tudo o que fazemos apenas por obrigação acaba caindo na
vala comum da mediocridade. Ensino é paixão e o professor apaixonado
pelo bom ensino é a melhor tecnologia que existe para ensinar.
8. Aprender a compartilhar conhecimento, dúvidas e sonhos!
Não basta aprender, não
basta ser capaz de fazer; é preciso “fazer de fato” e compartilhar o
conhecimento para que outros aprendam e façam. É preciso sonhar grande!
Se você aprendeu como usar o Twitter, experimentou usá-lo e até já
colecionou algumas dicas, então é hora de usar o potencial dessa
ferramenta para compartilhar! Compartilhar seu conhecimento sobre a
ferramenta, mas não só isso, pois agora você poderá compartilhar uma
infinidade de outros conhecimentos usando essa ferramenta como
instrumento de ensino. Você também faz parte da construção dos novos
conhecimentos.
9. Aprender a ensinar o outro a aprender a aprender!
Para “estar atualizado”
não é preciso ter “todas” as informações, mas é preciso aprender a
encontrá-las, compreendê-las, utilizá-las, modificá-las, expandi-las e
compartilhá-las. E é exatamente isso que precisamos ensinar às novas
gerações! E não é nada fácil ensinar ao outro aquilo nem nós mesmos
sabemos; por isso precisamos aprender a aprender antes de tentar ensinar
isso aos nossos alunos. Se você mesmo não se sentir capaz de aprender,
nunca vai desenvolver essa competência em seus alunos.
10. Aprender a estar eternamente insatisfeito!
Se você acha que esses
“novos” paradigmas vão resolver o seu problema, se acha que eles bastam,
ou apenas concorda com eles, sem ressalvas, então, talvez você não
tenha entendido nada! Todos esses paradigmas juntos significam apenas
que cabe a você compreendê-los, aplicá-los, reformulá-los, ampliá-los,
reconstruí-los e, então, compartilhar com outros a “sua versão” deles.
Aceite-os apenas como um desafio para que você mesmo possa reescrevê-los
e compartilhá-los com outras pessoas
Na verdade nós não precisamos saber como
será o mundo daqui a vinte, dez, cinco, ou mesmo três anos, para
sabermos o que e como ensinar aos nossos alunos. Nós já sabemos tudo o
que é preciso saber: é preciso ensinar os alunos a aprenderem! E eles
precisarão aprender sempre; precisarão descobrir soluções para problemas
que nem eles, nem nós, imaginamos que surgirão um dia. Eles terão que
agir no tempo deles exatamente como nós precisamos agir agora, diante de
um mundo que jamais sonhamos, onde as “inovações” são muito mais
rápidas do que nossa capacidade de compreender e dominar todas elas, e
onde, mesmo assim, precisamos ser atores e não meros espectadores.
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